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Por que a Umbro voltou a ser a marca de futebol que todos queremos usar na rua?

Bruno Fabracomunicación

Nunca o futebol esteve tão ligado à moda como neste momento, e parte da culpa é da Umbro. A marca centenária é totalmente crucial para entender a estética do futebol e sua evolução ao longo do tempo, pois estabeleceu suas bases, popularizou a tendência e agora, quando a febre do blokecore está em seu auge, continua a expandir seus limites a partir de uma posição muito distinta da de suas concorrentes. E é que, enquanto outras marcas focadas no esporte rei se concentram em aprimorar suas peças mais icônicas, resgatar itens de arquivos e fazer parcerias com colaboradores de moda, a Umbro decidiu fazer tudo isso, mas com uma abordagem experimental totalmente inovadora que conquistou os mais jovens.

Para entender como a marca que seu pai usava para jogar uma partida com os amigos é agora uma das mais interessantes do streetwear, é preciso, como sempre, voltar ao passado. Fundada em 1924 em Wilmslow, Inglaterra, pelos irmãos Harold e Wallace Humphreys (Umbro é a abreviação de Humphreys Brothers: Hum-Bro), a Umbro foi se consolidando desde a década de 1930 como fornecedora oficial dos times ingleses e das seleções nacionais, a tal ponto que, para a Copa do Mundo de 1966, a Umbro vestia 15 dos 16 times participantes.

Durante os anos 90, a Umbro foi a marca oficial de algumas das seleções mais icônicas do mundo, como a Inglaterra e o Brasil, o que consolidou sua reputação mundial e favoreceu sua adoção pelos jovens nas ruas. No Reino Unido, os conjuntos de treino e os agasalhos da Umbro se tornaram parte da estética casual e dos «terrace boys», enquanto nos EUA, diversas peças, como os shorts largos, foram adotadas por skaters, ravers e pela cultura hip-hop. Até figuras tão relevantes como Tupac Shakur foram vistas usando peças da marca, dando-lhe ainda mais visibilidade fora do esporte.

Nos anos 2000, a Umbro perdeu protagonismo frente a gigantes como Nike e Adidas e, após ser comprada pela Nike em 2007, foi revendida para o Iconix Brand Group em 2012. Desde então, a marca decidiu realizar uma ousada reviravolta de 180º e explorar novas silhuetas e cortes, desconstruindo suas peças de uma maneira super fresca e vanguardista, especialmente para uma marca de futebol. Sobreposições, costuras expostas, gráficos fragmentados, reconstrução de padrões clássicos… A Umbro se atreve a tudo e o melhor é que o resultado é uma roupa que nada deve a marcas de streetwear conceituais mais avançadas, mas com a vantagem de que a Umbro conta com décadas de história.

Neste ressurgimento, a Umbro soube se apoiar nas subculturas que se formaram com suas roupas no final dos anos 90 e início dos anos 2000, atraindo todos aqueles jovens que sentem uma estranha nostalgia por uma época não vivida e veneram o Y2K. A cultura rave, em particular, tem sido uma aliada poderosa para a marca inglesa. Durante o auge do acid house e das festas clandestinas, as peças da Umbro representavam roupas confortáveis, respiráveis e práticas para dançar por horas, além de suas camisetas apresentarem padrões geométricos e cores vibrantes que se encaixavam com o ambiente psicodélico. Esse espírito juvenil contracultural que mistura esporte, música eletrônica e moda está despertando novamente, e a Umbro se consolidou como a marca insignia do movimento.

Por outro lado, a Umbro tem se movido muito bem na competitiva indústria da moda, posicionando-se estrategicamente como aquela marca de futebol descolada com a qual validar uma coleção cápsula ou uma colaboração em uma passarela que queira se inspirar no futebol, vendendo um blokecore autêntico e um pouco transgressor. Palace, Aries, Off-White e Vetements são algumas das marcas que levaram seu DNA futebolístico a novas audiências dentro do streetwear e da moda de luxo. Por outro lado, a marca Slam Jam, de Luca Benini, foi e continua sendo crucial para reinventar a estética mais vanguardista da Umbro. O designer italiano trouxe seu toque industrial e minimalista, reinterpretando peças com cortes oversized, técnicas de desconstrução e materiais premium.

Seu último parceiro exemplifica perfeitamente o que a Umbro está fazendo tão bem. Beautiful People, marca japonesa fundada em 2007 por Hidenori Kumakiri, se especializa em sua capacidade de misturar o clássico com o inesperado, explorando a desconstrução, os jogos de proporções e a dualidade entre o formal e o casual. No último trabalho conjunto, ambas as marcas quiseram transformar uma peça em duas, ou até três. Uma jaqueta clássica de agasalho com gola alta pode ganhar um capô ou ser virada, literalmente, para se transformar em uma jaqueta de treinador de gola clássica. O mesmo vale para os tank tops, que possuem um segundo design costurado no interior e que pode ser sobreposto para transformar completamente o estilo.

Agora que todo mundo quer uma camiseta de futebol no armário e as marcas de luxo estão criando tênis com cravos, o fato de uma das marcas mais emblemáticas do esporte mais famoso do mundo ser justamente uma das mais disruptivas e inovadoras a torna uma verdadeira joia cobiçada por muitos grandes designers, que estão ansiosos para lançar algo com ela. Seu arquivo é imenso e está em total alta, tem a Geração Z aos seus pés, o luxo a tem em sua mira e as subculturas raveras (que exercem uma influência silenciosa, mas poderosa em determinados setores da indústria) a adotaram como sua marca de confiança. O futuro é promissor para a Umbro.

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